A verdade

Herculano parou na frente da porta e pensou no quanto estava cansado. Inspirou profundamente e soltou o ar devagarinho: sabia que estava fazendo a coisa certa. Tinha andado a manhã toda, de casa em casa, e sentia-se exausto mas, mesmo assim, não esmoreceu. Arrumou os papéis que tinha nas mãos, fez ginástica facial estirando os músculos e imprimiu no rosto o melhor sorriso que pôde produzir; esperou que não parecesse forçado. Ajustou o nó da gravata, apertou a campainha e aguardou. Uma mulher de aspecto agradável e idade indefinida apareceu na fresta e Herculano lhe estendeu um folheto colorido:
— Bom dia, senhora, deseja conhecer a verdade?
— Eu já a conheço. Mas entre, por favor, disse ela, abrindo mais a porta. Vamos ver de que verdade você está falando.
Herculano entrou na casa, agora cabisbaixo e com o rosto sério.
Tags:verdade