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Dá-me mil mortes diárias e te mostrarei um país que sangra.
Dá-me agulha e linha e bordarei teu nome num pano celestial.
Dá-me migalhas de pão e inventarei estrelas.
Dá-me um suspiro e ouvirás meus gemidos.
Dá-me mil mortes diárias e te mostrarei um país em convulsão.
Dá-me uma lágrima e te devolverei um rio.
Dá-me um ponto de apoio e moverei o mundo.
Dá-me a realidade e te entregarei magia.
Dá-me mil mortes diárias e te mostrarei um país devastado.
Dá-me teu pranto e escreverei poemas.
Dá-me um só segundo e matarei o tempo.
Dá-me teus olhos sem brilho e deles farei uma praça iluminada.
Dá-me mil mortes diárias e te mostrarei um país em carne viva.
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