Os aplausos

Na quinta-feira ele disse que não:
os devotos aplaudiram.
Na sexta ele disse que sim:
os devotos aplaudiram.
Devoto digno desse nome não pensa
no sim ou no não:
aceita
e aplaude.
Por quê?, perguntarão seus filhos
um dia (no dia que virá),
quando perceberem que valor não é preço,
que barcos se afastam do cais,
que trenzinhos caipiras partem da estação levando meninos para desbravar o mundo,
que a finitude está em todas as coisas, feito tatuagem.
No silêncio mortal —
aquele que ronda toda pergunta incômoda —
e no ouvido dos filhos
o eco dos aplausos.
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